O despacho de nomeação, publicado hoje em Diário da República, tem efeitos a partir de 01 de novembro, e junto com o Museu Abade de Baçal, um dos espaços culturais mais antigos da região, Jorge da Costa assumirá também a direção da Domus Municipalis, um monumento único na Península Ibérica.
O novo diretor pertence ao mapa de pessoal da Câmara Municipal de Bragança e ganhou, com mais de 19 valores em 20, o concurso público, ao qual concorreu também o atual diretor do Museu do Abade de Baçal, Amândio Felício, que ficou em terceiro lugar.
O despacho de nomeação assinado pela diretora regional de Cultura do Norte, Laura Castro, traça o perfil do nomeado de 54 anos, licenciado em Humanidades, mestre em Arte Contemporânea e doutorando em Estudos do Património – Museologia.
Jorge da Costa foi professor até 2007 e destacou-se em Bragança depois de ter assumido a direção artística e curadora no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, aquando da criação deste equipamento municipal, em 2008.
Nos últimos 14 anos, o Centro tornou-se numa referência cultural de Bragança com mostras permanentes e a presença da pintora transmontana Graça Morais, assim como de dezenas de artistas nacionais e estrangeiros, desde Paula Rego a Júlio Pomar, Ana Vieira, Alberto Carneiro a Pedro Calapez e Julião Sarmento, entre outros.
O novo diretor do Museu do Abade de Baçal é membro da equipa da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea (RPAC) da Direção-Geral das Artes (DGARTES) e do Laboratório de Artes na Montanha - Graça Morais, em Bragança.
Desde 2013 foi também responsável pelo Centro de Fotografia Georges Dussaud, em Bragança, e, entre 2007 e 2018, coordenou e programou o Museu Ibérico da Máscara e do Traje e o Centro Cultural Municipal de Bragança.
Jorge da Costa “comissariou mais de 80 exposições de artistas nacionais e estrangeiros, bem como de importantes coleções públicas e privadas, no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, no Centro de Fotografia Georges Dussaud, e em diversos museus e bienais de arte do país”, de acordo com a biografia divulgada.
Jorge da Costa vai agora dirigir o museu de Bragança criado em 1915, que recebeu o nome do fundador, o Abade de Baçal, figura de destaque na cultura transmontana pela recolha arqueológica e etnográfica que fez no Nordeste Transmontano e que constitui o núcleo principal.
O mais emblemático museu de Bragança começou por se designar Museu Regional de Obras de Arte, Peças Arqueológicas e Numismática de Bragança e 20 anos depois foi rebatizado com o nome do Abade de Baçal, que foi diretor daquele espaço até 1935.
O Abade de Baçal morreu aos 82 anos, em 1947, foi um homem da Igreja, mas é descrito, “sobretudo um homem erudito, humanista, transmontano, um grande investigador que sempre se debruçou e se baseou em bibliografia especializada, em documentos originais".
Ele próprio deixou um legado para a história do Nordeste Transmontano com os seus apontamentos arqueológicos reunidos em 12 tomos das memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança, além de outras obras publicadas.
No Museu Regional Abade de Baçal ainda hoje pode ser vista a arqueologia que recolheu pela região e catalogou, desde as telas funerárias, aos marcos, esculturas zoomórficas, epigrafia funerária ou numismática.
Este espaço, além do legado do Abade, guarda uma coleção única de desenhos de Almada Negreiros, oferece diferentes exposições temporárias, e a exposição permanente com um acervo desde a pintura ao desenho, retábulos ou um teto pintado proveniente da igreja dos jesuítas.
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