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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 16 de março de 2021

ECONOMIA CIRCULAR, DA UTOPIA À REALIDADE - Os ecossistemas como suporte da vida na Terra

 É o tempo da primavera, da brotação florida, de acreditar...é tempo de pensar!

Consumir mais ou consumir melhor, eis a questão…?

Os alimentos que comemos, a qualidade da água que bebemos e o ar que respiramos dependem de uma natureza saudável, a contrario sensu, as atividades humanas estão a sobre-explorar os recursos, os ecossistemas e as espécies! 

A Agenda 2030 da ONU definiu um conjunto de objetivos para o desenvolvimento sustentável (ODS) e metas que abordam as dimensões social, económica e ambiental e constituem um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade por forma a promover a paz, a sustentabilidade ambiental, a justiça e a igualdade.

Os ecossistemas ou biossistemas são conjuntos de comunidades específicas de seres vivos como plantas, animais e microrganismos que interagem num espaço específico como uma unidade funcional e os seus serviços estão abertos à valoração económica, sociocultural e da conservação da natureza.  A Região Norte e  sobretudo Trás-os-Montes e Alto Douro  são ricas em áreas protegidas com um Parque Nacional (PNPG) e três Parques Naturais (PNM, PNDI e PNA) e a Paisagem Protegida Albufeira do Azibo. 

Foi o reconhecimento do valor dos serviços ecossistémicos para a economia e bem-estar e a degradação que tem vindo a acontecer  na sua estrutura e funcionalidade, geradora de fenómenos catastróficos, que exigiu a necessidade da sua recuperação. Esta está partilhada entre os Programas para o Ambiente (UNEP) e a Organização para Alimentação e Agricultura (FAO)  da ONU  e pretende combater a perda de biodiversidade, mitigação e adaptação às alterações climáticas e assegurar o abastecimento, a água e a segurança alimentar. 

O clima deixou de ser tão regular como antigamente e lembro …! março, marçagão, manhã de inverno, tarde de verão (provérbio).

O Homem chegou a uma crise ambiental e económica sem precedentes que o obrigou a dar atenção ao conceito de economia circular que já tinha surgido umas décadas atrás e á sua proposta de analisar a dissolução entre crescimento económico e o consumo de recursos, inspirada nos mecanismos dos ecossistemas naturais que fornecem recursos em constante reciclagem e reabsorção.

A União Europeia no seu atual Plano de Ação para a Economia Circular tem como estratégia e objetivo criar uma Europa mais limpa e competitiva em associação com os agentes económicos, consumidores, cidadãos, organizações e sociedade civil.

A aplicação de medidas ao longo de todo o ciclo de vida útil dos produtos tem o objetivo de adequar a economia a um futuro ecológico, reforçar a competitividade, proteger o ambiente e conferir novos direitos aos consumidores. A sua estratégia de crescimento deverá traçar o caminho para uma transição justa e socialmente equitativa com o objetivo de melhorar o bem-estar das pessoas, tornar a Europa até 2050 climaticamente neutra e proteger o nosso habitat natural. 

Ora a Economia Circular é vista como um elemento-chave para promover a dissociação entre o crescimento económico e o aumento do consumo de recursos. Neste modelo económico, regenerativo e restaurador, os recursos (materiais, componentes, produtos e serviços) são geridos de modo a preservar o seu valor e utilidade pelo maior período de tempo possível. Desta forma, aumenta-se a produtividade dos recursos, preserva-se o capital natural bem como o capital financeiro das empresas e sociedade civil” (In eco.nomia.pt.2021).

Como sabemos nesta fase da pandemia acentuaram-se desigualdades económicas, sociais e de género que já existiam resultantes da nossa débil economia. A situação passou a ser difícil de gerir porque a Terra está a mudar pela ação da destruição dos ecossistemas e da biodiversidade com fogos, inundações, secas, escassez de água, erosão do solo e extinção de espécies e o aumento do nível do mar.

Os ecossistemas sendo conjuntos de comunidades específicas de seres vivos como plantas, animais e microrganismos-biocenose, interagem num espaço específico-biótopo, como uma unidade funcional e conseguem estabelecer um equilíbrio biológico e ecológico que incluiu o homem.  Eles podem ser terrestres, aquáticos, mistos e artificiais.

O capital dos ecossistemas suporta, conjuntamente com os ativos e fluxos abióticos (por exemplo a radiação solar, solo, minério e combustíveis, e as fontes energéticas renováveis ou proteção à radiação), o capital natural do planeta conjugando três grupos de valores, cultural, ecológico e económico (MAC.icnf). 

Os Reinos Plantae e Animalia são importantes porque o primeiro engloba os seres vivos pluricelulares e produtores e o segundo os pluricelulares e consumidores como os grupos dos vertebrados e invertebrados. O ecossistema constituído pelo conjunto das relações vitais de interdependência (reguladas pelas condições físico-químicas e biológicas, que os seres vivos estabelecem entre si e o meio) formam as cadeias e níveis tróficos que envolvem as relações alimentares entre produtores, consumidores e decompositores. A cadeia trófica e os seus níveis indicam quem come o quê (um ser vivo alimenta-se daquele que o antecede na cadeia e, por sua vez, é comido por aquele que o sucede). Ora há uma sequência linear da transferência de matéria e energia que se inicia num produtor e finaliza num decompositor.

Em síntese a biodiversidade suporta, nos seus níveis mais complexos de organização, grande diversidade ecossistémica, com estruturas e funções variadas e impulsiona e diversifica diferentes habitats de espécie e seres organizados. Esta está cada vez mais ameaçada pelo Homem, o seu principal desestabilizador, devido à sobre-exploração e utilização menos criteriosa dos recursos.

A diminuição e degradação dos habitats naturais dos animais selvagens conduz a que se criem  zoonoses transmissíveis ao ser humano.

A transição para a Economia Circular pode ajudar de facto, mas “exigirá uma mudança profunda no modo como valorizamos os nossos materiais, produtos e serviços”. O seu conceito estratégico “assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia, substituindo o conceito de fim-de-vida da economia linear, por novos fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação, num processo integrado”. (eco.nomia.pt. Matos Fernandes. 2020.M.AAC.Gov.pt). 

Todos os seres vivos precisam do planeta mais limpo e sustentável porque não podemos mudar para outro nas próximas gerações. A imaginária invasão dos marcianos de H.G.Wells na sua The War of the Worlds, já lá vai e o Perseverance, que agora  pisou as poeiras avermelhadas de óxido de ferro em Marte encontrou-o  desértico e enigmático tal como as sondas que lá amartaram.

Dicotomia5 - Manuel Correia
Crónicas publicadas em: www.sociedadejusta.pt - www.regiaodonorte.pt
Email: manuelcorreia@cronicas.pt. 
Manuel Correia. Cronista. Vive em Bragança. Mestre Extensão Desenvolvimento Rural. UTAD-Vila Real. Licenciado Humanidades. U.C-Faculdade Filosofia Braga. Bacharel Engenharia Agrária(ERAC) ESA Coimbra. Trabalhou no Instituto da Conservação da Natureza e Florestas.

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