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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Dia da Memória

 Já escrevi várias vezes o quão importante é perpetuarmos a memória de tudo quanto nos marcou, para o bem, para o mal, a todos os níveis, a todo o tempo, radiantes, temerosos, em momento de transe, em instantes relampejantes de felicidade. Por assim ser, e é, vários países incorporaram nos seus calendários de feriados nacionais o Dia da Memória. Memorial Day.

Ora, no meu restrito calendário de dias jubilosos avulta o dia 1º de Dezembro, dia marcante na época da meninice/adolescência na cidade onde nascia – Bragança do Braganção medieval cognominado O Bravo – que nos dias de agora entrou na obscuridade para ali remetido porque bravura imemorial afasta os e as amantes da preguiça mental de não recuperar o passado tal como os arqueólogos procedem nas suas investigações terrestres e aquáticas. Ora, o 1º de Dezembro de uma imensa maioria de todos quantos viveram na cidade Coimbra em miniatura – lembram-se do simbólico contido nesse título de um livro evocativo das andanças e folganças de um bragançano estudante do famoso Palito Métrico. Ora, um exemplar vive na minha biblioteca, o seu conteúdo regista os postulados da famigerada praxe encharcada em estupidez, foi praticada com bom senso e bom gosto na Bragança de então, liberta das insolentes e abstrusas praxes que vou vendo, observando e ouvindo quando vou a Lisboa. Por sorte, descuido ou desatenção nunca fui alvo de praxes, talvez por recém-chegado da guerra colonial e lépido no andar.

O 1º de Dezembro no burgo brigantino era a prova/provada da Miniatura aventada por Santa Rita Xisto. Estudantes trajados com capa e batina, praxe minimalista, sarau teatral, homenagem/ romagem a Mestre Paulo Quintela e ao respeitado Reitor Amado, funçanatas etílicas recheadas de aves de capoeira subtraídas à sorrelfa das capoeiras onde os glu-glus e galináceos viviam sem distinções de classe nas escolhas, descantes noite fora, nem João Penha ousaria colocar em dúvida o acerto do título da hoje obscura obra do poeta comilão.

O Armindo Neto, rapaz do meu tempo, nascido na aldeia berço natal dos famosos esquecidos Padre Alípio Freitas e Alfredo Margarido, telefona-me de vez em quando. O Armindo retouçou vários anos na cidade na qual nasci, namorou quanto eu, veio a tropa, deixou a farda obrigatória, vive em Vizela. Os seus telefonemas para lá de agradáveis saltitam de tema em tema, de pessoa em pessoa, redundam em forte e fugaz alegria, deixam um travo de saudade, mormente quando a data que guindou a Duquesa a Rainha, é o ponto focal da falação. Ele cultiva a saudade à maneira de Teixeira de Pascoaes. O poeta alude a um bragançano perito em pantagruélicas refeições e reprovações, ao contrário o autor de obra de tomo preferia ser frugal e pensador do saudosismo.

Desconheço se a pandemia quebrou o costume da celebração do dia em causa, que nunca me atraiu evocar em rebanho, no entanto, entendo perfeitamente o júbilo causado ante os reencontros apesar de virem ao de cima dolorosas recordações de quem vê à sua frente o descalabro físico de quem é responsável por enorme desilusão porque se iludiu cegamente. Mas para tal aferição do desgosto é melhor ler a magistral obra do russo Tolstoi, Anna Karenina.

Se por ventura a data deu azo a ridente lembrança da data todos ficámos a ganhar, caso tenha sido objecto de distracção deixo este singelo escrito de rememoração.

Ps. Um grande abraço para o Armindo e para o Hélder Barreira.

Armando Fernandes

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