Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Pelourinho e Verraco de Bragança - Deuses Ursos em Trás-os-Montes

 O pelourinho de Bragança situado na sua é um monumento relativamente ignorado por não nos prender tanto o reparo como a Domus Municipalis e o Castelo com a sua espetacular torre de menagem.


Muitos turistas acham curioso o monumento mas por vezes não alcançam o que estão a ver e o seu real valor.

Bem, avancemos então com a nossa narração antes que o leitor se enfade.

Pois amigo leitor, o pelourinho de Bragança engasta numa tosca estátua zoomórfica um “berrão”, conhecida como “a porca da vila” da Idade do Ferro, muito mais antigo que o pelourinho.

No entanto o “berrão” ou porca dever ser um raro Urso, apesar de pertencerem aos mesmos povos que também esculpiram os conhecidos berrões de Murça e de Torre de D. Chama.

Este original e notável pelourinho medieval, este símbolo do municipalismo de Bragança esculpido em granito como habitual encontra-se espetado no urso. Este assenta sobre um soco com quatro degraus de planta octogonal. As patas são curtas, fruto da demolição causada pelo arranque da obra do seu primitivo lugar. A meio do corpo existe uma corcova que foi usada para nele implantarem o pelourinho.

A data da construção do pelourinho é incerta, alguns leitores indicam que data do séc. XIII. Também Bragança teve foral dado por D. Manuel I em 1514; à doação de foral manuelino seguia-se habitualmente a construção de um pelourinho novo neste estilo, e assim aconteceu na maioria dos casos, em todo o país, mas em Bragança manteve-se o pelourinho antigo.

“Sendo certo que não é possível datar com exatidão este pelourinho, tem sido aceite pela generalidade dos autores tratar-se de obra do século XIII. Note-se que a sua tipologia românica não seria desagradável ao gosto manuelino, nas primeiras décadas de Quinhentos, quando elementos do repertório artístico dos primeiros séculos da nacionalidade eram frequentemente reproduzidos.

O dorso do berrão é trespassado pela coluna do pelourinho, que assenta no degrau superior da plataforma, e seria adicionalmente fixado à escultura através de um espigão atravessando-a na horizontal, vendo-se os respectivos orifícios no seu flanco. O fuste da coluna é cilíndrico e liso, elevando-se a mais de seis metros de altura, e interrompido no terço superior por um anel de pedra; no seu topo encaixa um capitel em largo anel cilíndrico, de onde irrompem quatro braços em cruz. Cada braço, semelhante a uma gárgula, é rematado por representações morfológicas e zoomórficas, figurando duas carrancas opostas, e ainda uma ave e um cão. Os intervalos entre os braços são preenchidos com relevos dificilmente legíveis, aparentemente cenas de suplícios. Sobre o capitel eleva-se uma grande figura fantástica- de bocarra aberta, que serve de tenente a um brasão, apresentado entre as suas quatro patas em garra: de um lado vêem-se cinco quinas e um castelo (torre) ou seja as armas da cidade Bragança”.1

Em 1860 dá-se a transferência do Pelourinho de Bragança, este encontrava-se junto à “Domus Municipalis”, edifício com que estaria em consonância, dada a sua relação com o poder municipal e quiçá fossem construídos na mesma época, sendo levado para o espaço outrora ocupado por uma igreja desaparecida. Seria nesse ano que o Pelourinho de Bragança seria encastrado no Urso totémico?

O certo é que esta união deu um conjunto estranho, mas inédito e de grande valor simbólico.

Depois de o leitor analisar ao vivo e em fotografia a figura zoomórfica, o que acha dela, é um porco ou um urso?

O Pelourinho de Bragança deveria ser restaurado com o expurgo dos musgos e das outras criaturas botânicas que não permitem fiel leitura do mesmo.

1- Texto retirado do IGESPAR

Sem comentários:

Enviar um comentário