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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 18 de dezembro de 2021

Como é que surgem os anéis de fadas?

 Estas estranhas formações, compostas por cogumelos, são partes visíveis de um mundo que se esconde debaixo do solo, longe da nossa vista. Rui Simão, da Ecofungos Associação Micológica, ajuda-nos a desvendar o mistério.

Cogumelos do género Agaricus. Foto: Dr Hans Gunter Wagner / Wiki Commons

Na cultura irlandesa, acreditava-se que os anéis de fadas – conhecidos por fairy rings – estavam “associados a portais mágicos entre o reino dos humanos e os reinos dos elfos, dos duendes ou das fadas”, conta Rui Simão, especialista em cogumelos. 

Os anéis de fadas são conjuntos de cogumelos que surgem em ambientes florestais ou em prados e relvados, incluindo parques e jardins urbanos, como o Jardim Gulbenkian. Na maioria das vezes, esse conjunto de cogumelos assume o formato de um anel – daí o nome.  E essa forma tem uma explicação que nada deve ao mundo sobrenatural – tem tudo a ver com a vida misteriosa dos fungos.

Anel de fadas formado por gaiolas-de-bruxa (Clathrus ruber). Foto: Rui Simão, Ecofungos Associação Micológica

Anel de fadas composto por cogumelos do género Clitocybe. Foto: Henk Monster / Wiki Commons

Um cogumelo é uma pequeníssima parte de um fungo que costuma ser visível por um curto espaço de tempo, normalmente no Outono. O resto do fungo (quase tudo o que o compõe) permanece no subsolo ao longo do ano: os seus fios microscópicos (conhecidos como hifas), vão-se dividindo e espalhando em comprimento, formando uma rede chamada de micélio. 

Os anéis de fadas “derivam do crescimento radial e mais ou menos concêntrico do micélio”, explica Rui Simão. “O aparecimento dos corpos frutíferos (cogumelos) surge na zona mais recente do micélio – nas pontas da estrutura – e daí podermos observar a formação do anel.” 

A maior parte destes “anéis” são formados por cogumelos de espécies saprófitas – fungos que se alimentam da matéria em decomposição no subsolo, ajudando com a reciclagem desses nutrientes no mundo natural. É o caso da espécie Marasmius oreades, exemplifica o especialista.  

O responsável da Ecofungos também já encontrou anéis de fadas formados por outras espécies, como a gaiola-de-bruxa (Clathrus ruber), e ainda em cogumelos dos géneros Clitocybe (muito comum), Agaricus e Hebeloma.

Cogumelos Clitocybe odora. Foto: Holger Krisp / Wiki Commons

Assim, se se deparar com uma destas estranhas formações de cogumelos, já sabe que são apenas a “ponta do icebergue” de uma vasta rede subterrânea ligada aos fungos (e também às raízes das árvores), que se estende por debaixo da terra.

Inês Sequeira

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