Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Apesar da conotação menos positiva que os acontecimentos do ano passado vieram trazer a esta expressão, é, no entanto, atual, útil e importante.
O Natal é, disso não haja qualquer dúvida, um período muito especial e de um enorme significado na civilização a que pertencemos.
O Natal é, disso não haja qualquer dúvida, um período muito especial e de um enorme significado na civilização a que pertencemos.
É a época da reunião familiar, por excelência. Reuniões que, é sabido, não casam com as medidas de precaução e distanciamento recomendadas pelas boas práticas de combate à terrível pandemia que nos fustiga já há dois anos e cujo termo ansiado, teima em demorar a concretizar- -se. No ano transato, a propósito de “salvar” o Natal, foram abrandadas as medidas mais draconianas em vigor até então (e retomadas, mais tarde... aliás, tarde demais). Contudo, não é aceitável que por causa desse erro se cometa um erro maior que seria a adoção de apertadas medidas de distanciamento e confinamento.
Em primeiro lugar há que fazer uma distinção clara entre os festejos de Natal e de Ano Novo, que em 2020, erradamente, tiveram tratamento igual. As reuniões natalícias sendo muitas e chegadas acontecem em células limitadas e muito restringidas à chamada “bolha familiar”, enquanto que os festejos de “réveillon” são, por natureza, mais abrangentes, em espaços com um alargado número de pessoas de proveniências diversas. Manda pois o bom senso que, sem descurar as elementares precauções e cuidados adequados, se facilite a reunião familiar para celebrar e confraternizar na noite de 24 e no dia de 25 de dezembro. Será bom que os Lares, dentro das suas possibilidades e analisando com critério e razoabilidade as circunstâncias, proporcionem aos mais idosos um reconfortante reencontro com os seus familiares mais próximos.
É verdade que devemos proteger a saúde de todos mas também não podemos minimizar a dor provocada pelo isolamento, sobretudo aos mais idosos, mais frágeis e mais debilitados. Ainda que mal comparado, atrevo-me a lembrar que, nesta altura, todos os anos, há acréscimo da sinistralidade rodoviária. Obviamente que se fosse decidido fechar as autoestradas, proibir as viagens entre concelhos e impedir os encontros dos mais próximos... os acidentes e, por consequência, as mortes deste período sofreriam uma redução radical. Mas, obviamente, tal é impensável, por causa do impacto inaceitável no modo de vida. E, mesmo em termos de saldo, no que toca a vidas, não é certo que fosse positivo. Às vidas “salvas” dos acidentes rodoviárias teria que ser contraposto as que não se poderiam salvar por não poderem ser transportadas com rapidez pelos serviços de urgência, aos medicamentos que não chegariam a tempos e muitas outras razões.
Se a esperança de vida tem aumentado com o correr dos tempos, tal deve-se ao progresso, logo, por contrapartida, qualquer regresso civilizacional significa um aumento da mortalidade. Contudo é bom que, sempre, mas muito especialmente, nestes dias haja um acréscimo de cuidado, um aumento da fiscalização e um cuidado adicional na sensibilização dos condutores e demais agentes. E, claro, manter a proibição da velocidade excessiva e da ingerência de álcool para lá dos limites impostos e consagrados na Lei. Assim deve ser, igualmente, com a pandemia.
Não é aceitável impor regras e limitações excessivas, promovendo, muito embora, as elementares regras sanitárias de combate e prevenção desta maldita doença que em má hora nos entrou porta dentro. Os internamentos por Covid competem com os internamentos por muitas outras razões que, como sabemos, ficarão prejudicados se houver um excesso securitário, covidiano.
Um Bom Natal para todos.
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia), A Morte de Germano Trancoso (Romance) e Canto d'Encantos (Contos), tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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