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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Sobre etnografia, folclore, cultura e tradição

 Etnografia


A palavra etnografia teve origem na união de dois vocábulos gregos: ethnos (que significa “povo”) e graphein (que significa “grafia”, “escrita”, “descrição”, ou melhor, “estudo descrito”). Logo, etimologicamente, a etnografia é o estudo descrito de um povo.

Note-se que digo “de um povo” e não “do povo”, pois aqui o termo “povo” não é usado no seu significado social (isto é, não se refere a uma camada social, a uma classe social) mas sim significando um conjunto de indivíduos unidos entre si por laços comuns, histórica, cultural, religiosa, social, etc.

Mais particularmente poderemos dizer que a etnografia é a ciência que estuda e descreve os agregados populacionais.

E sendo assim, a etnografia descreve e estuda o povo de um dado país, de uma dada província, de uma dada região, de uma dada comunidade, etc…

A etnografia é uma das várias ciências auxiliares de antropologia.

A palavra “antropologia” é, igualmente, composta por dois vocábulos gregos: anthropos (que significa “homem”, a espécie animal homem) e logos (que significa “conhecimento”, “estudo“).

Antropologia

Portanto, a antropologia é a ciência que estuda o homem em geral, o homem total – desde o seu especto físico à sua cultura, à sua maneira de ser e viver, à sua organização social, etc…

Mas, como o homem é um ser duplamente físico e mental – e, também, um ser social – a antropologia estuda-o sob esses três aspetos.

Há, assim, uma antropologia geral que se divide em dois grandes ramos: a antropologia física e a antropologia cultural ou social.

Há já hoje até alguns antropólogos que consideram que existem paralelamente, uma antropologia física, uma antropologia cultural e uma antropologia social, fazendo, portanto, uma distinção entre antropologia cultural e antropologia social.

Mas, aqui, neste pequeno caderno de divulgação, usarei a divisão clássica, geralmente aceite, da antropologia geral nos dois grandes ramos – antropologia física e antropologia cultural – dois ramos, aliás, que constituem duas ciências se não diferentes, pelo menos com campos de estudo e objetivos diferentes.

Antropologia física e antropologia cultural

A antropologia física não estuda o físico (o organismo) do homem – tarefa e objetivo da medicina – mas sim o seu especto físico, ou seja, o homem somático, ou melhor ainda, as características físicas particulares a cada raça ou grupo ético: a configuração do esqueleto, o formato do crânio, a maior ou menor abertura do ângulo facial, a cor da pele, a textura dos cabelos, a implantação dos maxilares, a maior ou menor abertura e o formato das órbitas oculares, o formato das fossas nasais, a distribuição de adiposidades, etc…

Em contrapartida, a antropologia cultural – a que também se dá o nome de etnologia – estuda o homem como produtor e transportador de cultura e ainda a maneira de viver de cada raça ou grupo ético.

Os antropólogos que fazem a distinção entre antropologia cultural e antropologia social consideram que a primeira estuda o homem como produtor de cultura, isto é, aquilo que ele produz tanto de material como de espiritual, enquanto a segunda estuda o homem como ser social, ou seja, as formas, sociais particulares de cada raça ou grupo étnico.

Folclore

Um pouco de história: a palavra folclore é a forma aportuguesada da palavra inglesa folklore, palavra, aliás composta por duas palavras de origem saxónica: folk (povo) + lore (tradição).

Trata-se de uma palavra que foi usada pela primeira vez em 1846 pelo arqueólogo inglês William John Thomas…

Folclore, etnografia e etnologia

Muitas pessoas confundem folclore com etnografia ou com etnologia crendo que se trata da mesma coisa. Ora, não é inteiramente assim.

A etnografia e o folclore só têm de comum entre si a metodologia que é igual para uma e para o outro.

Quanto à etnologia e folclore, a diferença que existe entre uma e outra é a seguinte:

– enquanto a etnologia estuda atividades e objetos concretos, materiais,

– o folclore estuda atividades e objetos espirituais e artísticos, tradições, usos e costumes, etc…

Assim, poderemos definir o folclore como sendo a ciência etnológica (ou auxiliar da etnologia) que estuda os usos, costumes, tradições espirituais e as expressões orais e artísticas de um povo ou de um grupo étnico evoluídos.

Usar nesta definição a palavra “evoluídos“ é absolutamente necessário pois que só os povos evoluídos têm folclore uma vez que os povos primitivos têm a sua própria cultura.

Quer isto dizer que o folclore estuda os usos, costumes e as tradições milenárias e seculares de povos cujos padrões de vida deixaram de ser primitivos.

Por exemplo: um batuque no interior da África, uma doença ou uma canção da Polinésia, etc…, não são folclore, são cultura, ao passo que uma romaria nortenha ou saloia, o fandango, o trajar de saloio ou um coral alentejano são folclore porque sendo manifestações populares são-no de um povo que vive dentro dos padrões sociais atuais usando das conquistas técnicas universais.

É por essa razão que os assuntos habitualmente estudados pelo folclore são:

– danças e canções;
– trajos populares;
– instrumentos musicais;
– festas, feiras, mercados e romarias;
– medicina popular e magia;
– lendas, contos e “histórias”;
– poesia popular;
– provérbios e adivinhas;
– jogos infantis;
– jogos e brincadeiras populares;
– usos e costumes regionais; etc…

Etnografia e Folclore

A etnografia e o folclore, divide-se em dois tipos de trabalho: o trabalho de campo e o trabalho de gabinete.

Ao trabalho de campo, também se dá os nomes de pesquisa e recolhas. Assim, trabalho de campo, pesquisa ou recolha são uma só e a mesma coisa.

Que é, portanto, o trabalho de campo?

É precisamente o trabalho de pesquisa e recolha de elementos que se efetua no campo de estudo.

Como é óbvio, de uma maneira geral, o campo de estudo de etnografia e do folclore situa-se nos pequenos aglomerados populacionais rurais afastados dos grandes centros.

O princípio básico do trabalho de campo é saber ver, ouvir e reproduzir. Quer isto dizer que o pesquisador, o investigador de campo, tem de ser o mais objetivo possível.

Em que consiste, pois, o trabalho de campo?

Consiste na pesquisa e recolha de elementos, dados, informações, objetos (documentos) de carácter etnológico.

Como se faz essa recolha?

Através de inquéritos, conversas, pedidos de informações, etc… Inquéritos, conversas, informações que terão de ser registados.

A fotografia é sempre e em todos os casos, utilíssima; hoje em dia é mesmo imprescindível.

O filme é muito útil sobretudo pela noção de movimento que nos dá. Por isso é imprescindível no estudo de assuntos em que o movimento é o principal elemento: danças, práticas sociais coletivas, práticas de trabalho profissional, artesanato, etc.

A gravação é hoje muito importante no estudo das expressões musicais, orais, dialetal, etc.

Trabalho de gabinete

O trabalho de gabinete é a natural sequência e consequência do trabalho de campo ou da recolha etnológica; é, portanto, o trabalho de organização, dos elementos e documentos, isto é, do material reunido na pesquisa ou recolha. Praticamente e em última análise, é o trabalho de elaboração de fichas e organização de arquivos.

Cultura e Tradição

Em ciências humanas a palavra “cultura” não tem precisamente o mesmo significado com que a usamos na linguagem quotidiana.

Na linguagem vulgar, de todos os dias, à ideia de cultura ligamos a ideia de grande soma de conhecimentos gerais. Por isso, uma pessoa culta é aquela que possui largos conhecimentos gerais de muitas coisas.

Em ciências humanas, “cultura” é tudo aquilo que um povo ou um grupo étnico adquire do passado, dos seus antepassados: a língua, usos e costumes, danças e canções, trajos, culinária, modos de vida e de trabalho, etc.

Assim, e de certo modo, cultura é tradição.

Como afirmou o Dr. Ernesto Veiga de Oliveira “cultura, em etnologia, não tem o significado corrente de palavra que corresponde àquilo a que chamamos cultura superior designado os produtos da ciência e da inteligência puramente lógica, a criação artística, os requintes mais elevados do espírito e da técnica, as aquisições individuais de personalidades de exceção, que caminham na vanguarda do pensamento humano, livres de condicionamentos circunstanciais, e que são inovadores originais voltados para o futuro.

Cultura, em etnologia, significa, precisamente o contrário: tudo aquilo que o indivíduo, de qualquer época histórica, seja de que nível técnico, económico e social for, recebe do meio em que nasceu, se criou, formou e vive, que pertence ao grupo de que ele faz parte, e lhe veio de fora e do passado – numa palavra, a tradição, a herança social”. (“Princípios basilares das ciências etnológicas“ – cadernos de etnografia nº 3 ),

Linguagem

O principal veículo da cultura é a linguagem, indispensável à comunicação dos indivíduos entre si.

Outro básico veículo da cultura é a tradição que passa de geração em geração que se mantêm os usos e costumes de cada grupo étnico ou cada grupo social.

A língua e a tradição (os usos e costumes) estão na base de toda a cultura.

Manuel Abreu Castro

Nota: Este texto é resultado de várias pesquisas que fiz através dos novos meios de informação tecnológicos (Internet) agora ao nosso dispor e depois de ler vários livros sobre antropologia, etnografia e folclore.

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