A crítica foi deixada pelo presidente da Associação Humanitária, ontem, na cerimónia de comemoração da padroeira dos Bombeiros de Bragança, a Nossa Senhora da Conceição. Segundo Luís Gonçalves, a demora está a sufocar as contas da associação. "Ao longo deste último ano veio a degradar-se a forma de pagamento das entidades tuteladas pelo Estado. Não acreditamos que não é uma opção destas entidades de saúde. Será uma falta de dinheiro que não é transferido pelo Estado central. A verdade é que as pendências têm aumentado e têm sufocado a tesouraria da associação. Há sensivelmente um ano, o atraso andava na ordem dos 60 dias e agora anda em cerca de 150, com tendência a aumentar".
A partir de Janeiro, os Bombeiros de Bragança vão ainda sofrer um corte na tesouraria, uma vez que foi ajustado o protocolo entre a Liga dos Bombeiros Portugueses e o INEM, o que significa uma diminuição do pagamento dos serviços prestados. Luís Gonçalves não entende esta alteração, até porque o valor atribuído já não era suficiente para suportar o custo dos combustíveis. "Desde 2012 não é actualizado o valor do quilómetro e os valores do combustível têm aumentado exponencialmente. Depois, em contra ciclo, é reduzido o valor que vai ser transferido para as associações. Bragança é a maior corporação do distrito e muitas vezes efectuamos INEM fora da nossa área geográfica. Este protocolo veio prejudicar-nos".
Diariamente, a corporação faz, em média, 8 mil quilómetros. Na cerimónia esteve o vice-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses e ex-comandante dos Bombeiros de Bragança, José Fernandes, que disse também não concordar com o novo protocolo. "Concordo plenamente com o protesto que foi aqui mencionado. Este protocolo, não só aos bombeiros de Bragança, mas a muitos do país, é muito desfavorável. Este protocolo fez o recálculo dos serviços que estávamos a prestar e isso para Bragança vai-se materializar numa perda de cerca de dois mil euros por mês".
Como já é habitual, neste dia de comemorações, foram medalhados elementos da corporação. Carlos Martins, que assumiu o comando, em regime de substituição, aproveitou para agradecer a dedicação dos bombeiros e admitiu que não irá fazer grandes mudanças. "Costuma-se dizer que em equipa que ganha não se mexe, mas obviamente que vou nomear um segundo comandante. Temos um protocolo e métodos de trabalho bem definidos, que têm respondido às necessidades. Irei ajustar pequenas coisas mas não vou fazer grandes alterações".
Este ano, o mau tempo e a pandemia condicionaram a cerimónia, mas não deixou de ser feita uma cerimónia dedicada à Nossa Senhora da Conceição, padroeira dos Bombeiros Voluntários de Bragança.
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