A ideia de fazer este trabalho surgiu durante pandemia, quando o jornalista teve tempo para investigar mais aprofundadamente as suas origens portuguesas e também porque havia pouca informação sobre o assunto. “Tinha algumas ideias de como tinha ido a família mas nunca tinha pesquisado com tanta precisão, o que aconteceu... com a pandemia tive mais tempo, comecei a falar com o meu pai, tios e avós e pus a pergunta: quantos portugueses ou descendentes há no Chile? Sabia que não eram muitos, porque a maioria escolhia o Brasil, a Venezuela, e, portanto, podia ser uma amostra mais fácil de investigar. Comecei a investigar e assim nasceu a ideia do documentário de famílias portuguesas no Chile ”.
O documentarista começou a realizar pesquisas e a fazer filmagens no Chile no país em meados do ano passado. Entretanto em Maio deste ano veio para Portugal e radicou-se em Bragança, com a família, onde pensa mesmo passar a viver. “Pesquisei no arquivo de Bragança os passaportes, de 1909 e 1910, eram cerca de 1200, quase 90% eram para ir para o Brasil e cerca de 4% para ir ao Chile, que era a segunda opção dos brigantinos. Nesse período, foram muitos portugueses e especialmente do Norte de Portugal, que era a zona mais pobre do país. De Bragança emigraram cerca de 50 famílias para o Chile”.
A sua família e história da emigração para o Chile será uma das que vai figurar no documentário, que, também por isso, é na primeira pessoa. “Não posso não o contar na primeira pessoa, porque sou parte da história, mas falo de muitas famílias portuguesas. Uma delas é uma família muito importante na história do Chile e do mundo, a de Carlos Jorge Nascimento, que criou uma editora, a primeira que publicou Pablo Neruda e Gabriela Mistral, os dois prémios Nobel do Chile”.
A princípio, a investigação para o documentário concentrou-se no início do século XX, altura em que houve uma campanha para atrair imigrantes para povoar o país. “O Chile precisava de povoar o sul do país, onde não vivia muita gente e havia muitos territórios sem produzir e o estado chileno criou uma instituição que procurava migrantes para o Chile na Europa”.
O projecto conseguiu o apoio do Instituto Camões e de instituições culturais chilenas. O jornalista está também a escrever um livro, em que vai ser incluída informação que não terá espaço no documentário. A obra, “Famílias Portugueses no Chile”, deve estar terminada no final de 2022 ou início de 2023 e será primeiramente apresentada em Bragança.
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