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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 30 de janeiro de 2022

A “saúde” das ervas | Medicina popular

 A saúde e as ervas medicinais


“Durante milhares de anos, o homem guiado pelo mesmo instinto que hoje leva outros animais a se purgarem com certas ervas escolhidas, ele seleccionava na natureza os vegetais para a cura dos seus males.

E, ao organizar-se em comunidades começa a transmitir às gerações futuras o “fruto do saber” — os celtas, nossos remotos antepassados, conheciam perfeitamente as propriedades das fontes termais e são imitados pelos legionários romanos;

os chineses e os egípcios ensinaram as propriedades do ópio, da romã, do ruibarbo;

os gregos e os romanos definiram a utilização das sementes de rícino, da beladona ou da misteriosa mandrágora;

os gauleses trouxeram o conhecimento do visco-branco da verbena, da centáurea, da milfurada, do meimendro e da salva.

Entre fitoterapeutas, clérigos e alquimistas foi-se então desenvolvendo o estudo das plantas medicinais e, passados assim os séculos, chegamos agora ao que se convencionou chamar a época moderna — com o fim do reino dos “remédios naturais”.

Contudo, novas correntes científicas e de forma de vida, uma espécie de regresso às origens e à natureza, configura-se entre a actual classe médica, botânica, farmacêutica ou ambientalista que prima pela valorização do melhor de cada sistema medicinal, tendo em atenção os perigos de qualquer um dos métodos.

Que assim seja. “

Tisanas e outros remédios                        

Chá de alecrim – Quinze gramas para um litro de água fervente; coa-se quando frio e toma-se em média três vezes ao dia, para: `

– estimular o apetite, a circulação sanguínea e as funções do pâncreas

– dores de estômago, dores de cabeça de origem nervosa, vertigens e perda de memória

– contra a queda do cabelo

– tonificante para os estados de depressão

–  estimulante cardíaco e combate as pressões altas

– para afastar os “maus olhados”

Nota: [a chá de alecrim] não deve ser usado por mulheres grávidas, por poder ser abortivo

Para atenuar os sintomas da menopausa – Beber uma infusão das extremidades floridas do hipericão, três vezes por dia.

Para combater as constipações e as gripes – Beber frequentemente chá quente de flor de sabugueiro e hortelã-pimenta.

Dores de cabeça e nevralgias – Tomar uma chávena de chá de betónica três vezes por dia.

Para dores reumáticas – Misture uma colher de chá de óleo de alecrim numa chávena de chá com azeite — massaje a região dolorida várias vezes ao dia.

Não passe uma noite sem dormir!

Para a insónia – Duas colheres de sopa de folhas secas de cidreira num copo de leite; aquecer e adoçar com mel. O sono vem mais rápido.

Para as inflamações dos olhos – Lavar os olhos com uma infusão de água das malvas a que se adicionou uma clara de ovo de galinha.

Contra as varizes – Ingerir duas a três vezes por dia uma infusão de trigo-sarraceno, pilriteiro e castanheiro-da-índia.

Para as depressões – Infusão de flores de alfazema, combinada com alecrim, tomada três vezes ao dia.

Combater as frieiras – Usar pomadas de flor de sabugueiro.

Para o desconforto das ressacas – Chá quente de hortelã-pimenta ou serpão; chá de flor de sabugueiro.

Para a tosse e bronquite – Xarope de agrião – Num litro de água deite mais ou menos duzentos gramas de agrião (folhas e talos) e deixe ferver cerca de um quarto de hora. Coe enquanto estiver quente e quando ficar morno, misture-lhe uns trezentos gramas de mel. Dá para a tomar uma colher de sopa duas vezes ao dia.

Nota: O agrião é a “erva para todos os fins”, visto pelo nosso povo como um dos melhores estimulantes e espectorantes, até com virtudes afrodisíacas e não menos utilizado como tónico (o seu sumo) contra a queda de cabelo ou misturado com mel para as manchas e sardas.

Síntese de usos medicinais das ervas      

Do alecrim às hortelãs

Alecrim – Auxiliar da memória; para estados depressivos; estimula a circulação sanguínea; ajuda a fazer a digestão das gorduras (folhas); problemas de fígado.

Agrião – Para a tosse e bronquite; contra as anemias por carência de ferro.

Arando (ou uva-do-monte)  – Para o colesterol e triglicéridos.

Alfazema – Alivia as dores de cabeça e acalma os nervos (flor); anti-séptico contra a acne (flor); tranquilizante.

Arruda – Lavagem do estômago; fortalecimento da visão; para lavar os olhos cansados (folha); antídoto contra certas mordidelas de cobras.

Borragem – Em dietas sem sal (folha); para o catarro e gripes; tranquilizante; depurativa e refrescante.

Erva-cidreira – Alivia o catarro provocado pela bronquite crónica; as constipações febris e as dores de cabeça (folha).

Erva de São Roberto – Para doenças do estômago.

Carqueja – Facilita a digestão e estimula a secreção da bílis; acção antibiótica; infecção da bexiga; pedra nos rins; para a arteriosclerose: hipertensão arterial; sinusite, bronquite, anginas e tosse.

Funcho – Estimulante do apetite; auxiliar da digestão; desinflamar as pálpebras e melhorar a visão; suavizar o hálito (sementes).

Nota: não usar em doses excessivas

Hipericão – Para atenuar os sintomas da menopausa; queimaduras menores do sol (óleo); para libertar a tensão.

Hortelãs – Prevenções de constipações e gripes; inflamações da garganta; tranquilizante; ajuda a digestão; para as lombrigas

Do louro ao poejo

Louro – Para enjoos e irritações nervosas, para abortar; para bronquites; ajuda a fazer a digestão e estimula o apetite (folha).

Nota: todos os loureiros, excepto o loureiro ­vulgar, são venenosos

Malva – Actua como laxante não agressivo; combate muitos problemas inflamatórios; usada para emagrecimentos.

Morangueiro-bravo – Para os nervos e contra a diarreia (folha) . – Em decocção, é um adstringente suave (fruto).

Nota: podem provocar reacções alérgicas

Néveda – “dor de barriga das mulheres”; dores “tortas” após o parto; dores do reumatismo.

Orégãos – Combatem a tosse, as dores de cabeça nervosas e a irritabilidade (extremidade florida).

Pilriteiro – Estimula a circulação.

Poejo – Eliminar vermes intestinais; facilita a digestão; tranquilizante para distúrbios menstruais.

Nota: é tóxica quando usada em grande quantidade.

Ao sabugeiro ao zimbro

Sabugueiro- Prevenção de gripes (flores); frieiras, mãos e pés frios (pomada de folhas de sabugueiro); desconforto das ressacas (flores).

Salva – Ajuda a digestão, a combater a diarreia (folha); gargarejos para as anginas.

Nota: não deve ser tomado em grandes doses por períodos muito longos

Salsa – Prevenção de perturbações renais; dores de torceduras; mau hálito; picadas de insectos.

Segurelha – Auxiliar da digestão.

Tanchagem – Para tratamento de furúnculos; problemas respiratórios (tosse, bronquite e catarros)

Tomilhos – Tónico digestivo; combate os incómodos das “ressacas”; constipações ou gargantas inflamadas (folha); ferimentos ligeiros; queda de cabelo.

Urtiga – Sangramento do nariz; purificação do organismo; anti-raquítica e anti-anémica.

Zimbro – Para tratamentos de eczemas, dermatoses, psoríase e outras doenças da pele; parasiticida externo (óleo de caule).

Índice terapêutico

Aftas: malva, sálvia

Aleitamento: hortelã

Amigdalite: malva, sálvia, tanchagem

Anemias: agrião

Apetite: alecrim

Arteriosclerose: carqueja

Asma: agrião, carqueja, sálvia, alfazema

Azia: carqueja

Bronquite: agrião, alecrim, tanchagem

Cálculos biliares: hortelã

Cálculos renais: carqueja

Calmante: erva-cidreira, hortelã

Ciática: arruda

Cicatrizante: alecrim

Circulação: alecrim

Cólicas menstruais: alecrim, arruda, poejo, sálvia

Depressão: alecrim, alfazema

Depurativo: carqueja, tanchagem

Diabetes: agrião, alecrim, carqueja, malva

Diarreia: sálvia, carqueja

Digestivo: agrião, alecrim, alfazema, arruda, carqueja, erva-cidreira, hortelã, poejo

Diurético: malva

Emagrecimento: malva

Enxaqueca: alfazema, arruda, hortelã, erva-cidreira

Expectorante: agrião, malva, sálvia

Faringite: sálvia, arruda

Feridas: sálvia, arruda

Fígado: carqueja, erva-cidreira, malva

Flatulência: hortelã, poejo, sálvia, alfazema, arruda, erva-cidreira

Furúnculo: malva, tanchagem

Frieiras: sabugueiro

Garganta: malva, sálvia

Gengivite: malva, sálvia

Gota: arruda, alfazema, carqueja

Hemorróidas: arruda, tanchagem

Hepatite: agrião, alecrim, carqueja

Icterícia: hortelã, poejo

Laxante: carqueja

Menstruação (ausência): agrião, alecrim, arruda, erva-cidreira, poejo, sálvia

Micoses: arruda

Náuseas: arruda

Obesidade: carqueja, malva

Piolhos: arruda, poejo

Pressão alta: alecrim, carqueja

Prisão de ventre: erva-cidreira, hortelã, malva, mancoliais, tanchagem

Queda de cabelo: alecrim, alfazema

Queimaduras: tanchagem

Regulador das menstruações: poejo

Reumatismo: alfazema, carqueja, poejo, sálvia

Sistema nervoso: erva-cidreira

Tosse: agrjões, alfazema, malva, oregãos, poejo, sálvia, tanchagem

Ulceras: alecrim, sálvia

Varizes: pilriteiro, tanchagem

Vias urinárias: carqueja

Vómitos: arruda, erva-cidreira, hortelã

Fonte: Etnobotânica – Plantas Bravias, Comestíveis, Condimentares e Medicinais, de José Alves Ribeiro, António Manuel Monteiro e Maria de Lurdes Fonseca da Silva, João Azevedo Editor, 2000



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