Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Abril chegou e os carrascos fugiram para o Brasil... acoutaram-se no silêncio... resistiram.
O tempo passou em galope de cavalo... as memórias esmoreceram... e poucos se lembram dos horrores da polícia de estado... da guerra... do martírio... do pensamento amordaçado... poucos se lembram dos pobres andajosos... dos ciganos que deambulavam pelos povoados e pela fome... das famílias que repartiam uma sardinha para três pessoas... dos trabalhadores que mendigavam uma jeira por uma côdea de pão... da saúde e educação somente para minorias abastadas... dos tontinhos que estendiam a mão à caridade... das aldeias vilas e cidades sem saneamento, de cântaro no braço para ir à fonte... da longa noite da candeia... dos idosos sem pensão... do país sem Serviço Nacional de Saúde... da fome de imensas famílias... do mourejar de sol a sol amanhando a terra ... ceifando o centeio... cozendo o pão... remendado a roupa... lavando no rio... das mulheres obedientes e domésticas sem direito ao voto... das eleições de partido único... do assassinato de Humberto Delgado... poucos se lembram... e os carrascos acordaram da longa hibernação... a democracia os tolerou e em breve regressarão em esplendorosa alvorada... cavalgando a falsa moral e os bons costumes...vitoriosos!
O tempo passou em galope de cavalo... as memórias esmoreceram... e poucos se lembram dos horrores da polícia de estado... da guerra... do martírio... do pensamento amordaçado... poucos se lembram dos pobres andajosos... dos ciganos que deambulavam pelos povoados e pela fome... das famílias que repartiam uma sardinha para três pessoas... dos trabalhadores que mendigavam uma jeira por uma côdea de pão... da saúde e educação somente para minorias abastadas... dos tontinhos que estendiam a mão à caridade... das aldeias vilas e cidades sem saneamento, de cântaro no braço para ir à fonte... da longa noite da candeia... dos idosos sem pensão... do país sem Serviço Nacional de Saúde... da fome de imensas famílias... do mourejar de sol a sol amanhando a terra ... ceifando o centeio... cozendo o pão... remendado a roupa... lavando no rio... das mulheres obedientes e domésticas sem direito ao voto... das eleições de partido único... do assassinato de Humberto Delgado... poucos se lembram... e os carrascos acordaram da longa hibernação... a democracia os tolerou e em breve regressarão em esplendorosa alvorada... cavalgando a falsa moral e os bons costumes...vitoriosos!
Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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