Festa do Velho
Na zona de Mogadouro, Trás-os-Montes, realiza-se a Festa do Velho, Caramono ou Chocalheiro. Uma actividade que tem o seu início no dia 24 de Dezembro, com as pessoas a concentrarem-se à meia-noite junto da grande fogueira de Natal, que se acende no largo da aldeia.
Antes de se acender o lume, dois rapazes («velho» e «mordomo») percorrem a aldeia para “pedir o cepo” para “a fogueira do menino”. Actualmente, com os novos meios de transportes, este «peditório» realiza-se de tractor.
Na aldeia de Vale de Porco, zona de Mogadouro, esta tradição ainda é vivida.
Mas ao longo da noite sagrada e no dia seguinte “não há música de gaiteiros, nem cantigas, nem bailaricos, apenas a alegria do povo, espontânea, amiga e fraterna” como refere o livro Festas e Tradições Portuguesas.
O «velho», uma figura ritual, medonha e assustadora, é desempenhado por um dos dois mordomos da festa que na manhã do dia 25 de Dezembro, juntamente com o outro mordomo, faz um peditório para o Deus Menino. No dia de Ano Novo, 1 de Janeiro, os papéis invertem-se e o peditório destina-se a Nossa Senhora da Conceição. Tanto no Natal como no dia de Ano Novo, as ofertas são leiloadas no adro da Igreja.
Tradição também de outras aldeias vizinhas
Os adereços desta figura emblemática raramente passam de ano para ano.
O fato é feito à base de serapilheira, com carapuça, cinto de couro munido de chocalhos, para anunciar a sua presença aos habitantes da aldeia. Esta indumentária completa-se com uma «caramona» talhada em madeira, com dois chifres na testa e uma serpente esculpida que lhe sai da boca.
Esta tradição realiza-se também noutras aldeias vizinhas da região com pequenas particularidades.
Os “caretos”, “máscaras”, “carochos” ou “chocalheiros” (designações que variam de localidade para localidade) tornam-se seres superiores, mágicos ou proféticos, gozando de uma liberdade quase sem limites, com a faculdade de «castigar» ou criticar.
Críticas públicas aos males sociais, expurgam a comunidade, purificam-na e preparam-na para o novo ano que se aproxima. Danças, gritos e chocalhadas e críticas sociais institucionalizadas são ritos que o mascarado executa no desempenho das suas funções.
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