O Mensageiro foi ao terreno e constatou que vários caminhos que dão acesso a propriedades agrícolas estão intransitáveis, seja pela acumulação de mato e silvas que impedem que se circule, inclusivamente, a pé, seja pelo deslizamento de terras que impede a passagem. Desta forma, vários agricultores são obrigados a deslocações maiores, com os consequentes gastos de combustível, enquanto, noutras situações, são os próprios proprietários a ter de ceder passagem pelos seus terrenos aos vizinhos pelo facto de os caminhos não poderem ser utilizados, deixando algumas terras por cultivar e vendo lameiros destruídos pela passagem dos veículos agrícolas.
Amadeu Fernandes, um dos maiores produtores de gado do concelho de Bragança, não esconde a revolta com a situação.
"Os caminhos não têm condições nenhumas para as pessoas acederem às suas propriedades. Estamos a falar de trocos para os tornar acessíveis a todas as propriedades. Os que estão limpos e dão acesso às nossas propriedades são feitos pelos próprios particulares", relata.
Amadeu Fernandes aponta "várias situações". "Um caminho desabou há um ano e meio e já precisa de uma intervenção maior. Nos outros basta cortar silvas e ramos de árvores. Já estão de tal forma grandes que já não se passa nem a pé. Passamos pelas terras uns dos outros mas as pessoas estão a ficar cheias pois tem de se deixar de cultivar para deixar passar os outros. Há caminhos que não são intervencionados há oito anos", acusa.
Já António Pinto fala em "muitos constrangimentos". Há caminhos onde não se consegue passar. Há terrenos aonde não consigo ir.
Temos de improvisar passagens para chegar às nossas propriedades. Obriga a deslocações maiores e a mais gastos por causa disso", sublinha.
Por sua vez, João Fernandes diz que esta "é uma situação que afeta todos". No seu caso, tem de "contornar e andar quase o dobro da distância" para chegar às suas propriedades. Noutras situações, "as pessoas passam pelo lameiro do vizinho". "Não se percebe como é que o caminho está intransitável. E se as pessoas passam lá, estragam as culturas. Se fosse meu, não admitia que passassem", contou.
Amadeu Fernandes revela que já contactaram a Junta de Freguesia, que declinou responsabilidades. " A Junta só faz os serviços que lhes interessam e não acho correto os particulares terem de pagar do próprio bolso para acederem às suas propriedades. Falei com a Junta mas a resposta que me deu é que não era com eles mas com a Câmara. Também falei com a Câmara, tendo o Sr. Presidente ficado muito admirado com uma resposta dessas", relatou.
Já António Pinto lembra que "os autarcas são eleitos para servirem o povo e alguns nem sequer conhecem os caminhos". "É isso que nos deixa desgostosos. Gostaríamos que fossem mais ativos. Temos falado com a Junta sobre isso mas estão no jogo do empurra para a Câmara. Não digo que não seja a Câmara mas eles têm de pressionar para que isso aconteça", frisa.
Câmara garante resolução
O Mensageiro contactou a Junta de Freguesia, presidida por Rui Gonçalves, eleito nas listas do PSD, mas não obteve resposta até ao fecho da edição.
Já o presidente da Câmara, Hernâni Dias, garante que o problema será resolvido. "Acho estranha esta situação porque se os caminhos fossem muito usados, as juntas de freguesia, quando há necessidade de intervenção, levam os nossos destroçadores e fazem esses trabalhos. Confesso que é estranho. Relativamente ao caminho que abateu, a solução está a ser trabalhada para se solucionar. Se houver alguma situação que não esteja devidamente atendida, fá-la-emos. Mas parece-me um bocado exagerado", disse.
"Temos a maquinaria, fazemos as intervenções, em articulação estreita com as Juntas. Essas situações são-nos reportadas pelas Juntas e resolvemo-las", garantiu.
Hernâni Dias revelou, ainda, ter recebido, por parte da Junta, a informação de que "existe um projeto candidatado para a criação de uma rota de moinhos que prevê também a limpeza de caminhos. Não há má vontade da junta nem há nenhum problema da nossa parte", garantiu.
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