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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Algumas tradições do Carnaval (em Trás-os-Montes e Alto Douro)

 Em Paradinha Nova fazem bonecos de palha, no dia de Carnaval, e distribuem-nos pelos bairros da aldeia. À noite, embarram-nos em árvores e destroem-nos à pancada, com paus. 
Em Pinela e Babe, os vizinhos entram em casa no dia de Carnaval e trocam a panela do butelo por outra onde há apenas cebola. 
Em Babe levam a panela para a rua. Em Babe, terça-feira à noite, mascaram-se adultos e crianças e vão a casa dos vizinhos sem se deixarem reconhecer. Chamam-se farramechos ou farramasqueiros. Em Pinela, na segunda-feira à tardinha, fazem um boneco e vão escondê-lo numa casa qualquer, sem o dono saber. Na terça-feira à tarde, dão volta à aldeia a saber do entrudo. Na casa onde for encontrado têm de lhes dar de comer. Na quarta-feira de tarde queimam o entrudo. 
Em Penhas Juntas, na terça-feira de Carnaval, os rapazes desfazem a cama às raparigas e as raparigas aos rapazes. Se for necessário entram pela janela e deitam farinha ou açúcar na cama. Na noite de Carnaval, rapazes e raparigas também se vestem de caretos e vão pedir pelas casas. 
Nas aldeias da Bouça e Ferradosa jungem dois burros e com um arado fazem que lavram. Dois homens trazem um saco de cinza e fazem que vão semeando, enquanto deitam cinza às pessoas. 
Em Carrazedo, no dia de Carnaval à noite, os rapazes fazem um boneco de palha e vão colocá-lo à porta das moças. Cada uma durante a noite, vigia e, se o boneco de palha estiver à sua porta, vai colocá-lo a outra. De manhã, a moça onde estivesse o boneco de palha não casava.
Estes elementos são extraídos da revista Brigantia (Bragança, 1987), dirigida pelo investigador Belarmino Afonso. Algumas das tradições, com uma ou outra variante, são comuns a todo o país, como deitar cinza (farinha ou água) às pessoas, usar máscaras e queimar o Entrudo. 
Em Podence (Macedo de Cavaleiros) os caretos são vistosos e barulhentos, havendo quem pense tratar-se da figuração de forças obscuras da natureza como o Espírito da Vegetação ou uma espécie de demónios brincalhões a que não é alheia uma tradição que ganhou corpo nos autos populares.
As máscaras de Lazarim (Lamego) são também muito expressivas, tendo-se já convertido numa poderosa atracção turística. Costume bem pitoresco é ainda o do Cavalinho que se usava e se vê cada vez menos nas aldeias durienses.

© António Cabral [1931-2007] foi um poeta, ficcionista, cronista, ensaísta, dramaturgo, etnógrafo e divulgador da cultura popular portuguesa.

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