Mestre Infância Gonçalves
A matança do porco é uma tradição que está associada ao frio e ao inverno. Em Dezembro ou Janeiro faz-se a matança.
Antigamente todas as casas criavam porcos para a matança. Era preciso fazer o fumeiro e o presunto para alimentar a família durante o ano. Por hábito o porco pesava mais de 200 kg e era farto com folhas de negrilho, castanhas, beterrabas, abóboras (conhecidas por aqui como bóbdas), grão. Era hábito juntar a família e os amigos e fazer uma grande festa.
Os homens ocupavam-se do “ritual” de matar o porco. Havia sempre pelo menos um homem entre a família ou amigos, verdadeiro mestre, que matava o porco. Antes de matar o porco era dado o mata-bicho.
As mulheres levavam as tripas para a fonte ou poças e lavavam-nas para tirar a sujidade. Primeiro eram lavados com água e depois com sabão. Depois em casa faziam uma mistura com aguardente, alho, louro e limão para tirar o mau cheiro das tripas. Todos os dias lavavam as tripas com esta mistura até ao momento de fazer os chouriços, os salpicões e as alheiras. Escamavam as tripas com vime para ficarem fininhas. Depois as tripas eram apertadas e estavam prontas para fazer os chouriços, salpicões e alheiras.
Na manhã do dia seguinte, o mestre com a sua arte de desmanchar, desfazia o porco. Picavam a carne para os chouriços e salpicões e faziam os rojões.
Hoje em dia são poucos os que continuam a criar e a fazer a matança do porco.
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