“A mostra, constituída por cerca de 25 desenhos a grafite e tinta-da-China sobre papel foi concebida propositadamente para este município e pretende realçar e reconhecer a presença do lobo [ibérico] nesta região transmontana, e dar a conhecer esta espécie”, disse à agência Lusa a vereadora da Cultura do Município de Vimioso, Carina Lopes.
Todos os trabalhos que compõem a exposição “Apontar o dedo ao lobo” foram executados recentemente, pelos dois artistas - Agostinho Santos e o premiado escritor Valter Hugo Mãe -, e marca o início de um projeto de desenho a quatro mãos que pretende demonstrar as várias fases de vida do lobo ibérico.
Carina Lopes recorda que o lobo é motivo de muitas lendas e mesmo fonte de medo, mas o que a mostra pretende sublinhar, para lá da presença no imaginário coletivo, é a importância da preservação desta espécie protegida, sendo atualmente o único membro que resta da família dos grandes predadores de Portugal.
“É com orgulho que Vimioso recebe os artistas plásticos Agostinho Santos e Valter Hugo Mãe, este último também conhecido e reconhecido escritor, sobre esta temática do lobo que é uma espécie ameaçada e sobre a qual existem várias lendas”, disse.
Ainda de acordo com a autarca, as obras agora expostas foram construídas segundo "as mais diferentes técnicas, e os múltiplos olhares aqui apresentados permitem afirmar que a pandemia não foi um momento de apatia, mas sim de criatividade e de superação”.
O município de Vimioso está também a elaborar um percurso interpretativo na aldeia de Vale de Frades, sobre o lobo ibérico, que está “ameaçado de extinção”, e que pretende alertar para os perigos que esta espécie corre.
“Por este motivo, esta exposição foi preparada de propósito para o concelho de Vimioso, e faz todo o sentido quando temos uma candidatura para um centro interpretativo do lobo ibérico. Faz todo o sentido a mostra estar patente neste território”, explicou Carina Lopes.
A vereadora realçou que é importante receber em Vimioso artistas de renome como Agostinho Santos e Valter Hugo Mãe.
Pintor e curador, diretor da Bienal Bienal Internacional de Arte de Gaia, mestre pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, doutorado em Museologia, Agostinho Santos assina a ilustração das capas dos mais recentes livros de Valter Hugo Mãe, nomeadamente “Contra Mim” e “As doenças do Brasil”.
Valter Hugo Mãe é um dos mais destacados autores portugueses da atualidade, com residência em Vila do Conde. A sua obra está traduzida em espanhol, catalão, francês, alemão, entre outras línguas, "merecendo um prestigiado acolhimento em vários países, como o Brasil, Alemanha, Espanha, França e Croácia", como destaca a Porto Editora, que o publica.
A sua obra inclui oito romances, entre os quais "Contra mim", Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, "A máquina de fazer espanhóis", Prémio Oceanos de literatura em língua portuguesa, e "O remorso de Baltazar Serapião", Prémio Literário José Saramago.
O seu mais recente livro, "As doenças do Brasil", publicado em 2021, marca os seus 25 anos de edição e 50 de vida.
A par da escrita, Valter Hugo Mãe mantém ligação às artes visuais, quer como curador, quer como criador, reconhecendo, como já o fez em várias entrevistas, que desenhar é algo que lhe "liberta o pensamento", podendo abrir assim "caminho para a literatura".
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