Agora sim, estamos no tempo certo, pois “Janeiro quer-se geadeiro”. Já estamos na primeira lua cheia do ano. Temos reparado que os dias vão crescendo, pois, o povo diz “Janeiro fora cresce uma hora” ou” Janeiro tem uma hora por inteiro”.
Dia 11 celebrou-se o Dia Internacional do Obrigado, claro que no nosso programa, todos aproveitaram para dizer o seu obrigado, e já agora, digo eu também, obrigado a todos que nos lêem. Fiquei contente em saber que um leitor assíduo da nossa página recordou o cantar dos reis da sua infância na edição da nossa página da semana passada!
Estamos na maré dos santos do fumeiro, Santo Amaro boteleiro a 15 de janeiro, a 17, Santo Antão, na próxima quinta-feira, dia 20, S. Sebastião e sábado, dia 22, S. Vicente. São chamados santos do fumeiro devido às pessoas oferecerem fumeiro para ser arrematado.
Há pessoas a quem a idade não lhe pesa, é o caso da tia Justina Nogueira, de Lebução, Valpaços, que aos 91 anos ainda vai podar a vinha. Assim como Alexandre Gouvinhas de Refoios, Bragança, que aos 92 anos ainda faz todo o tipo de trabalhos agrícolas. Nesta edição vamos conhecer um pouco da história da sua vida.
A nível agrícola, anda-se na limpeza das oliveiras, castanheiros e na poda das vinhas.
Nestes últimos dias estiveram de parabéns: Maria Bernardete Pires (83), Viduedo, Bragança; Delfina Carneiro (80), Serapicos, Valpaços; Celeste Paulo (79), Valverde, Valpaços; Amélia Cruz (75), Souto da Velha, Torre de Moncorvo; Luís Silva ”tio Chedre” (74), Nunes, Vinhais; Edvige Silva (72), Bragança; Jorge Pires (71), Ribeirinha, Mirandela; José Maria Pires (65), Sortes, Bragança; Regina Afonso (63), Nuzedo de Cima, Vinhais; Rosalina dos Santos (56), Rebordelo, Vinhais; João Teixeira (47), Regodeiro, Mirandela; César Augusto (22), Argemil, Valpaços.
A todos muitos parabéns e muitos anos de vida.
Palavras como “Camba”, “Tritouras”, “Tarrachas” ou “Pinalho” existem apenas na memória dos mais velhos.
O Tio Alexandre Gouvinhas é um dos últimos carpinteiros que passou parte da sua vida a fazer carros de bois. Aqui fica o seu valioso testemunho de uma arte que já desapareceu.
“Fazíamos carros de bois, de burros e até para mulas, o que fosse preciso. Agora já não se faz nada disto. Para fazer um carro de bois eram precisos 23 dias. Usávamos madeira de freixo ou negrilho. Por exemplo o eixo e as “varas”, o chassis, eram feitos de madeiras rijas, de outra maneira não aguentavam o peso do carro. Uma vez ainda fizemos um de carrasco.
Eu comecei aqui, nesta oficina, com um tio meu. Nessa altura fazíamos muitos carros, quase todas as semanas saía daqui um.
Feito por mim, ainda está um carro de bois na Casa do Lavrador, em Bragança.
Eu vim para aqui aprender com o meu tio e chegámos a ser cinco homens a trabalhar.
Comecei nisto com 17 anos. Também fazíamos outros trabalhos de carpintaria, como portas, janelas e mesas. Também andávamos pelas aldeias a fazer trabalhos de carpintaria.
As ferramentas eram todas manuais. Tínhamos trados, machadas, garlopas, formões e toca a escavacar.
Na altura não havia serrações como há agora. Vinham serradores lá de baixo da zona do Minho e era tudo à serra, a poder de mãos. Um punha-se por cima do pau, outro por baixo e toca a puxar. Eu preferia estar por cima. Em baixo era mais ingrato, tinha de se puxar mais.
Depois fui para França, aqui trabalhava-se muito e não se ganhava nada, era de sol a sol e só ganhávamos 25 escudos por dia. Fui a salto em 1963, eu e um primo meu. Fomo levados por um passador, no Inverno, passámos frio, pois andávamos de noite e dormíamos de dia. Fomos à sorte para perto de Paris. Levou-nos uma semana a chegar lá. Muito do caminho foi feito a pé. Fomos de carro até perto da Moimenta, depois passámos a pé até Monsalves, em Espanha. Fomos vestidos de padres, diziam que deixavam passar melhor os padres. Na França trabalhei também como carpinteiro, ganhava três francos e meio à hora. Estive lá 14 anos.
Quando vim para Portugal continuei a trabalhar na carpintaria, mas também me dediquei à agricultura”.
A conversa continuou com o Tio Alexandre Gouvinhas, que nos disse que ainda vai à feira, a Bragança, todas as sextas-feiras. Ainda tem carta de caçador e licença de uso e porte de arma, que pretende renovar ainda neste mês. Ele que ainda se recorda dos seus tempos de caçador em que uma vez matou 13 perdizes no chão de um só tiro. Era na altura em que havia muita caça. “Chegávamos a aborrecer os coelhos”, confessou-nos a dona Julieta, esposa do Tio Alexandre.
Aos quase 93 anos ainda faz de tudo um pouco, anda sem cajato e bem ligeirinho. Assim vale a pena chegar a esta idade.
Dia 11 celebrou-se o Dia Internacional do Obrigado, claro que no nosso programa, todos aproveitaram para dizer o seu obrigado, e já agora, digo eu também, obrigado a todos que nos lêem. Fiquei contente em saber que um leitor assíduo da nossa página recordou o cantar dos reis da sua infância na edição da nossa página da semana passada!
Estamos na maré dos santos do fumeiro, Santo Amaro boteleiro a 15 de janeiro, a 17, Santo Antão, na próxima quinta-feira, dia 20, S. Sebastião e sábado, dia 22, S. Vicente. São chamados santos do fumeiro devido às pessoas oferecerem fumeiro para ser arrematado.
Há pessoas a quem a idade não lhe pesa, é o caso da tia Justina Nogueira, de Lebução, Valpaços, que aos 91 anos ainda vai podar a vinha. Assim como Alexandre Gouvinhas de Refoios, Bragança, que aos 92 anos ainda faz todo o tipo de trabalhos agrícolas. Nesta edição vamos conhecer um pouco da história da sua vida.
A nível agrícola, anda-se na limpeza das oliveiras, castanheiros e na poda das vinhas.
Nestes últimos dias estiveram de parabéns: Maria Bernardete Pires (83), Viduedo, Bragança; Delfina Carneiro (80), Serapicos, Valpaços; Celeste Paulo (79), Valverde, Valpaços; Amélia Cruz (75), Souto da Velha, Torre de Moncorvo; Luís Silva ”tio Chedre” (74), Nunes, Vinhais; Edvige Silva (72), Bragança; Jorge Pires (71), Ribeirinha, Mirandela; José Maria Pires (65), Sortes, Bragança; Regina Afonso (63), Nuzedo de Cima, Vinhais; Rosalina dos Santos (56), Rebordelo, Vinhais; João Teixeira (47), Regodeiro, Mirandela; César Augusto (22), Argemil, Valpaços.
A todos muitos parabéns e muitos anos de vida.
Palavras como “Camba”, “Tritouras”, “Tarrachas” ou “Pinalho” existem apenas na memória dos mais velhos.
O Tio Alexandre Gouvinhas é um dos últimos carpinteiros que passou parte da sua vida a fazer carros de bois. Aqui fica o seu valioso testemunho de uma arte que já desapareceu.
“Fazíamos carros de bois, de burros e até para mulas, o que fosse preciso. Agora já não se faz nada disto. Para fazer um carro de bois eram precisos 23 dias. Usávamos madeira de freixo ou negrilho. Por exemplo o eixo e as “varas”, o chassis, eram feitos de madeiras rijas, de outra maneira não aguentavam o peso do carro. Uma vez ainda fizemos um de carrasco.
Eu comecei aqui, nesta oficina, com um tio meu. Nessa altura fazíamos muitos carros, quase todas as semanas saía daqui um.
Feito por mim, ainda está um carro de bois na Casa do Lavrador, em Bragança.
Eu vim para aqui aprender com o meu tio e chegámos a ser cinco homens a trabalhar.
Comecei nisto com 17 anos. Também fazíamos outros trabalhos de carpintaria, como portas, janelas e mesas. Também andávamos pelas aldeias a fazer trabalhos de carpintaria.
As ferramentas eram todas manuais. Tínhamos trados, machadas, garlopas, formões e toca a escavacar.
Na altura não havia serrações como há agora. Vinham serradores lá de baixo da zona do Minho e era tudo à serra, a poder de mãos. Um punha-se por cima do pau, outro por baixo e toca a puxar. Eu preferia estar por cima. Em baixo era mais ingrato, tinha de se puxar mais.
Depois fui para França, aqui trabalhava-se muito e não se ganhava nada, era de sol a sol e só ganhávamos 25 escudos por dia. Fui a salto em 1963, eu e um primo meu. Fomo levados por um passador, no Inverno, passámos frio, pois andávamos de noite e dormíamos de dia. Fomos à sorte para perto de Paris. Levou-nos uma semana a chegar lá. Muito do caminho foi feito a pé. Fomos de carro até perto da Moimenta, depois passámos a pé até Monsalves, em Espanha. Fomos vestidos de padres, diziam que deixavam passar melhor os padres. Na França trabalhei também como carpinteiro, ganhava três francos e meio à hora. Estive lá 14 anos.
Quando vim para Portugal continuei a trabalhar na carpintaria, mas também me dediquei à agricultura”.
A conversa continuou com o Tio Alexandre Gouvinhas, que nos disse que ainda vai à feira, a Bragança, todas as sextas-feiras. Ainda tem carta de caçador e licença de uso e porte de arma, que pretende renovar ainda neste mês. Ele que ainda se recorda dos seus tempos de caçador em que uma vez matou 13 perdizes no chão de um só tiro. Era na altura em que havia muita caça. “Chegávamos a aborrecer os coelhos”, confessou-nos a dona Julieta, esposa do Tio Alexandre.
Aos quase 93 anos ainda faz de tudo um pouco, anda sem cajato e bem ligeirinho. Assim vale a pena chegar a esta idade.
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