Miranda do Douro |
Entre os destinos menos conhecidos a norte está a linda cidade de Miranda do Douro, no distrito de Bragança. Situada entre os rios Fresno e Douro, próxima da fronteira, Miranda do Douro é uma cidade repleta de história, numa localização excecional. Em redor, o belo Parque Natural do Douro Internacional, leva-nos a conhecer montanhas agrestes e despovoadas. Com uma origem eminentemente medieval, Miranda do Douro cresceu orgulhosa da sua categoria de fronteira multicultural. Aqui fala-se a única língua reconhecida em Portugal para alem do português, o mirandês, com afinidades com Leão e Astúrias. A sobrevivência deste idioma demonstra uma idiossincrasia muito própria e apaixonada pelas tradições e modos de vida ancestrais. É uma região onde o folclore tem um peso especial, como podemos ver nas Festas da cidade ou Santa Bárbara.
Miranda do Douro é célebre pelo seu folclore colorido e animado – os Pauliteiros de Miranda com o seu trajo típico de saias, executam a dança do pau acompanhada pelo toque da gaita foles cuja origem remonta à ocupação celta da região, na Idade do Ferro. Na gastronomia, destaque para a famosa “Posta mirandesa”, confeccionada com a excelente carne dos bovinos criados nesta zona.
A Sé Catedral de Miranda do Douro está considerada como um dos mais belos monumentos do norte de Portugal. Teve o seu início no ano de 1552, tendo a duração de construção de meio século, ou seja, foi terminada no fim desse século. Este templo, com uma concepção maneirista, apresenta alguns elementos renascentistas de planta cruciforme de três naves, com quatro tramos e abóbada nervada sustentada por oito pilares toscanos. A monumental fachada principal, simétrica e regular, é ladeada por duas torres e encimada por uma balaustrada.
No interior evidencia-se o retábulo da capela-mor com um conjunto de esculturas dedicadas a Santa Maria Maior (1610-1614). O cadeiral do coro do Cabido da Sé Catedral constituiu-se na primeira metade do séc. XVII, tomando um estilo maneirista de uma obra de grande raridade. Este monumental templo religioso, tanto exteriormente como interiormente, está classificado como Monumento Nacional desde 1910.
Sé Catedral de Miranda do Douro |
2. Parque Nacional do Douro Internacional
O Parque Natural do Douro Internacional abrange parte dos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Figueira de Castelo Rodrigo, no troço fronteiriço do Rio Douro (numa extensão de cerca de 122 km). As margens escarpadas do vale profundo do rio formam desfiladeiros monumentais de grande espectacularidade, que várias espécies de aves, ameaçadas de extinção a nível nacional e internacional, escolheram para nidificar, atraídas certamente também, pela proximidade das explorações agrícolas e pecuárias onde podem facilmente localizar e obter alimentos.
De entre elas destaca-se o Abutre do Egito ou Britango, que foi escolhido como símbolo deste Parque. O clima da região regista acentuadas amplitudes térmicas, com Invernos frios e Verões muito quentes e secos, estando a área sul do Parque integrada na denominada “Terra Quente”. Nos meses de Fevereiro e Março, com as amendoeiras em flor, a natureza oferece um espectáculo de beleza e cor, muito apreciado e celebrado com festas populares.
Arribas do Douro – Rui Videira |
3. Miradouro de São João das Arribas
O Miradouro de S. João das Arribas localiza-se em pleno Parque Natural do douro Internacional, nas “arribas” do Douro internacional, junto ao castro de Aldeia Nova que é um povoado fortificado da Idade do Ferro. Este Castro deverá ter sido também utilizado durante a época romana como local de passagem, pois foram descobertas várias lápides romanas na capela de S. João, que dista 1500 metros do castro, está classificado como Monumento Nacional desde 1910.
O Parque Natural de Arribas do Douro é uma área verde protegida situada às orlas do rio Douro no trecho fronteiriço entre Espanha e Portugal. Faz parte da rede de Parques Naturais de Castela e Leão e no lado português corresponde-se com o Parque Natural do Douro Internacional. A denominação de Arribas aplica-se localmente à geografia dos rios Águeda, Douro, Esla, Huebra, Tormes e Uces. A característica mais destacada desta área verde é a grandiosidade paisagística de seus escarpados vales. Um espectacular palco natural artisticamente lavrado pelos cursos de água que percorrem suas fecundas terras.
Miradouro de São João das Arribas |
4. Miradouro da Fraga Amarela
O Miradouro da Fraga Amarela situa-se junto junto da Castro da Cigaduenha. Este castro é um povoado do 1º milénio a.c. e ocupa uma extensa plataforma, cujos rebordos a sul caem a pique, sobre o Douro, proporcionando assim uma imagem magnifica do canhão do rio.
Mais outro trecho da fabulosa paisagem geológica construída pelo Douro eficazmente aproveitada como inexpugnável muralha pelo castro, que sendo muito vulnerável na outra ponta, obrigou a preceder a muralha com um grandioso campo de pedras fincadas, autenticas navalhas afiadas de pontas para cima, defendendo a porta do povoado.
Miradouro da Fraga Amarela |
5. Ruínas do Paço Episcopal
Situada nas traseiras da Sé, a intenção de construir o Paço Episcopal foi em 1601, tendo as obras começado em 1616. Foi o seu mentor o Bispo D. Diogo de Sousa. Durante a construção os padres alojavam-se no castelo. O que apenas está ao nosso alcance para ver são as ruínas que em tempos foram de grandiosidade. Restam as arcadas do claustro formadas por arcos abatidos sustentados pelo pé em forma de pilastra monolítica.
A monumentalidade da porta de entrada está no respectivo memorial, onde que ainda hoje se cumpre esse dever de inscrever os nomes dos bispos que vão lá passando, tornando esta entrada muito simbólica. Na parte sul, a bem conservada e formosa arcada de meio ponto que pertencia ao antigo Seminário de São José, que estava anexado ao paço.
Ruínas do Paço Episcopal |
6. Aqueduto de Vilarinho
Aqueduto com cerca de 500 m desde a mãe d’água, localizada no termo de Vale de Mira até ao chafariz junto da ponte dos Canos (Fonte dos Canos). A maior parte desta estrutura encontrava-se enterrada, cerca de 500 m antes da ponte formada pelos arcos e depois destes, cerca de 500 a 600 metros, até chegar aos chafarizes.
A parte de maior relevo é constituída por seis arcos de meio ponto, de dimensões variadas, quer em largura quer em altura. As aduelas são em cantaria e os estribos foram construídos de alvenaria e cal. Em 1545, a população de Miranda do Douro cresceu bastante, originando maiores necessidades de abastecimento de água. Deste modo, foi assinado um contrato, em fevereiro de 1587, para a construção de um aqueduto para abastecimento da povoação. A sua desativação ocorreu no século XIX.
Aqueduto de Vilarinho |
7. Museu da Terra de Miranda
Este edifício, que actualmente alberga o museu, está situado no largo D. João III, na parte histórica de Miranda do Douro. A sua edificação deveu-se ao facto de Miranda do Douro subir de vila para cidade episcopal. Este acontecimento aconteceu no ano de 1545. Por isso, e com a mudança de estatuto de Miranda, este edifício foi construído para albergar a primeira Casa da Câmara, sendo a primeira parte correspondente às duas arcadas, em abóbadas de berço, do primitivo Paço Episcopal.
Entretanto, na segunda metade do séc. XVII levantou-se o corpo do moderno edifício cujo alpendre se apoia na anterior estrutura medieval através de cinco colunas toscanas. A partir de 1790, o edifício é transformado e recebe a cadeia, para finalmente em 1982 sofrer outra mudança e terminar como Museu da Terra de Miranda.
Museu da Terra de Miranda |
8. Casa dos Távoras
Situada na rua Abade de Baçal, este solar citadino pode estar compreendido entre os sécs. XV e XVI. Pertencente à família dos Távoras, uma das mais importantes, nobres e poderosas de Portugal a partir do séc. XV. Elementos da família foram alcaides do Castelo de Miranda e senhores do Mogadouro, tendo um forte prestígio na política.
Contudo, o prestígio alcançado na política, possivelmente e como reza a história, foi motivo para todos os elementos ou quase todos serem eliminados por enforcamento, a mando do Marquês de Pombal, considerando a família Távora traidores ao regime. Vê-se aqui a obsessão ou talvez não do Senhor Marquês de Pombal por esta Família, de que mandou raspar as armas.
Casa dos Távoras |
9. Castelo de Miranda do Douro
Numa tentativa de juntar as unidades administrativas da região, que eram tuteladas por castelos românicos ali existentes, D. Afonso III iniciou uma campanha de reestruturação da região, começando a criar novas vilas. Quanto a Miranda do Douro, a nova vila foi fundada em 1286 por D. Dinis, transferindo o poder do Castelo de Algoso para esta vila. Com esta sequência de acontecimentos, começou a ser construído o Castelo de Miranda no ano de 1287, terminando o mesmo dez anos mais tarde.
Este propósito teve uma arquitectura militar, com as suas torres e muralhas, mostrando a importância da praça que teve na defesa do Douro Internacional. Também foi palco em 1297 do tratado de Alcanices, pelo Rei D. Dinis. Mais tarde, por duas ocasiões e reinados diferentes, o castelo veio a ser renovado primeiro por D. Manuel I e depois por D. João IV, em 1641. Em 1762, esta estrutura militar veio a sofrer uma violenta explosão porque, imprudentemente, guardavam os explosivos no interior da cerca da fortaleza. Combatiam na tentativa de resistir às tropas espanholas. Este edifício de arquitectura militar está classificado como Imóvel de Interesse Público desde o ano 1955.
Castelo de Miranda do Douro |
10. Casa das Quatro Esquinas
Miranda do Douro é das muito poucas cidades em Portugal com um edifício um tanto peculiar como este. Como o nome indica, apresenta quatro janelas fazendo a esquina da casa (duas no andar térreo e outras duas na parte mais elevada da casa), com dois interessantes e únicos cachorros sendo, por isso, testemunha da evolução cultural e civilizacional de cada época da história Europeia. A Casa das quatro esquinas, da época Medieval, compreendida entre os sécs. XIV e XVI, apresenta uma interessante arquitectura com dois também interessantes cachorros ou modilhões, estando cada um deles virado para o Oriente e Norte. Estes dois elementos constituem, não só para o edifício, como também para a cidade, dois ícones, simbolizando algo de inédito para a época.
O modilhão ou o cachoro da parte Oriental representa a luxúria na figura de um cão que acaricia com a língua os orgãos genitais da mulher. O outro, situado para a parte Norte, simboliza o deus grego Cronos, a quem os Romanos deram o nome de Saturno, representado um devorador de uma criança, significado dos filhos que devorou com receio que o destronassem de Deus do Universo. É, contudo, considerada a figura que mais se afirma na cultura humanista da cidade de Miranda do Douro.
Casa das Quatro Esquinas |
11. Praça D. João III
Em homenagem a este Rei, que elevou Miranda à categoria de cidade e sede da Diocese, a única praça do centro histórico ficou com o seu nome desde 1960. Uma praça pequena em forma de quadrado, alberga em todos os seus lados os principais edifícios da cidade.
Na parte Ocidental desta situa-se o Museu da Terra de Miranda. Na parte Norte está situado o edifício que serviu de Aljube Eclesiástico. Na parte Oriental está situada a Câmara Municipal. Finalmente na parte Sul ergue-se o imponente Solar dos Ordazes.
Praça D. João III |
12. Fortaleza e muralha pré-românica
A Reconquista Cristã no Vale do Douro ao Islão nos sécs. IX-XI foi apoiada pelos castelos que se implantaram então, como as novas fortificações de base territorial. Para um maior apoio ao castelo surgiram as primeiras muralhas que cercam a então vila de Miranda, actualmente o centro histórico desta mesma vila, que começaram a ser construídas em 1287 e terminaram dez anos depois, ainda por ordem do Rei D. Dinis.
Foram reconstruídas, tendo esta reconstrução abrangido dois reinados, de D. João I e de D. Manuel I. Nesta altura, para além de remodeladas foram fortificadas com um fosso interior entre a muralha e as arribas do Douro. Em 1762 os castelhanos derrubaram parte da fortaleza e muralhas e mais tarde, em 1780, houve a intenção de reconstruir com a Rainha D. Maria I, acabando o projecto por ficar por terra devido ao aumento de armas de artilharia em toda a Europa.
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