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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

“FOI DIFÍCIL ESTAR LONGE DA CIÊNCIA, MAS ESTAVA DO OUTRO LADO, A APOIAR AS INSTITUIÇÕES”

 Cientista brigantina governou, estes dois anos, a partir de Bragança
Quando foi convidada para assumir o cargo de secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira, natural de Bragança, onde também é residente, era professora do Instituto Politécnico de Bragança, vice-presidente da instituição, directora do Centro de Investigação de Montanha e mentora do MORE – Montanhas de Investigação e do AQUA Valor.

Volvidos dois anos da legislatura, que, por força das circunstâncias, acabou outros dois anos mais cedo, Isabel Ferreira, uma das cientistas mais aclamadas no país e fora dele, fez um balanço positivo do que foi o trabalho à frente daquela secretaria.

Antes de mais, estes dois anos “foram muito intensos” porque “compreenderam a criação de um ministério novo, com a inclusão da secretaria de Estado da Valorização do Interior”, sendo que esta está descentralizada, tendo ficado por terras da governante. Por outro lado, a pandemia também conferiu a tal intensidade ao mandato, “mesmo assim foi desenvolvido todo o programa de valorização do Interior e o balanço é muito positivo”. “Em dois anos, a partir de um diagnóstico que temos, delineámos uma estratégia, o Programa de Valorização do Interior, e esta passou do papel à acção”, vincou Isabel Ferreira, que esclareceu ainda que as medidas “foram bem desenhadas”, já que “tiveram uma procura muito grande”.

Os objectivos finais passaram pela fixação e atração de pessoas e tal só se consegue com “medidas integradas, coerentes e complementares, que apoiem empresas, criação de emprego, mobilidade de trabalhadores e fomento de ecossistemas empreendedores e de inovação, ligados ao conhecimento”.

“Por detrás destes números estão pessoas”

Até aqui, conforme contou a secretária de Estado, o que havia era avisos e apoios feitos à escala nacional, portanto, aquilo que se fez foi “criar medidas adaptadas à realidade do Interior”

Os programas de incentivo à mobilidade, entre eles o Programa Emprego Interior+, para portugueses que, estando no país, se deslocaram para os territórios do Interior, e o Regressar, que apoiou o retorno da nossa diáspora, nomeadamente para estes territórios, trouxeram 1405 pessoas ao Interior de Portugal, 72 delas ao distrito de Bragança.

Em entrevista ao Jornal Nordeste, destacou ainda as medidas de apoio directo à criação de emprego, nomeadamente o +Coeso Emprego Interior, que apoiou o salário de trabalhadores a 100%, durante 36 meses, e contribuiu, em 40%, para que a entidade empregadora investisse naquilo que fosse necessário àquele posto de trabalho. “Esta medida, juntamente com a que tivemos aberta durante 2020, em exclusivo para estes territórios, de estímulo à contratação de recursos humanos altamente qualificados, permitiu a criação de 3230 postos de trabalho, 194 deles no distrito”, explicou. No âmbito do emprego altamente qualificado, também foram contratadas pessoas para os laboratórios colaborativos do país, que estão espalhados por todo o Interior e não só, o que antes não acontecia. Em Bragança, para o Laboratório Colaborativo Montanhas de Investigação, foram contratadas 22 pessoas.

A ciência, conhecimento, tecnologia e inovação, “ingredientes importantíssimos para a valorização do Interior”, também mereceram apoio. “Investimos 114 milhões de euros em projectos de investigação e infraestruturas científicas. Em Bragança foram investidos 3,1 milhões de euros e criados 13 postos de trabalho. Investimos também na formação e capacitação de pessoas, a nível dos CTeSP (Curso Técnico Superior Profissional). Ajudámos a formar 5400 pessoas, num investimento global de 34 milhões de euros. Em Bragança foram 472 jovens, num investimento de três milhões de euros”, esclareceu.

A secretaria de Estado de Isabel Ferreira também apoiou a inovação produtiva das empresas, o empreendedorismo qualificado, a sua internacionalização e a qualificação de pequenas e médias empresas, em plena pandemia, quando se percebeu que era “importante” garantir auto-sustentabilidade de algumas cadeias de valor. Entre outros, foi criado o Programa de Apoio à Produção Nacional. Foram investidos mais de 3,3 milhões de euros, com a criação de 21 postos de trabalho em todo o Interior. No distrito investiram-se 1600 milhões de euros, tendo sido criados quase nove mil postos de trabalho.

Ainda que o Interior tenha, hoje em dia, uma “actividade económica diversificada”, também tem mundo rural, acitividades agrícolas e florestais. Por isso, a governante destacou que o Governo tem estabelecido apoios “importantes”, nomeadamente aquele que está na agenda de inovação para a agricultura, com a meta de instalar, ate 2030, 80% de jovens agricultores no Interior.

Quanto aos serviços, foi criada uma rede de 89 espaços de teletrabalho, de Norte a Sul do país. No distrito são seis. “É uma medida emblemática e é uma oportunidade única para o Interior”, vincou a representante da secretaria de Estado, que garantiu ainda a gratuitidade de residências a alunos de concelhos onde não há ensino superior (Vimioso e Freixo de Espada à Cinta) e que assume que Portugal e Espanha estão, de facto, cada vez mais próximos, com a assinatura da Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço.

Escolher o que, na altura, fizer sentido

Independentemente das ofertas de trabalho, tanto para fora do Interior como até mesmo do país, Isabel Ferreira escolheu viver em Bragança. Esta escolha, que “foi sempre muito vantajosa”, também foi em nome em nome da “luta pelo Interior e pela sua valorização”. Perante estes interesses, parece que fazia todo o sentido, à época, aceitar o cargo. Ficar longe da ciência “foi díficil”, atenuou o facto de se estar a apoiar a ciência, os politécnicos e universidades, o que também fez a diferença, no que toca à valorização do Interior. “Estava no topo da minha carreira académica e estava tranquila, do ponto vista de missão cumprida. Também estava numa fase em que vários projectos que idealizei estavam no terreno, nomeadamente o Centro de Investigação de Montanha, que acabara de receber a classificação máxima. Além disso, o MORE acabara de ser criado. Senti que a minha saída não iria comprometer nada”, vincou a governante que chegou ao politécnico de Bragança em 2000, quando havia algum “pudor” em dizer- -se cientista, sobretudo num meio pequeno. Estas duas décadas serviram para mostrar a luta que agora tem, a partir do Interior é possível ter uma carreira bem sucedida.

Defensora da valorização destas terras, questionada sobre se continuará no Governo, caso António Costa seja novamente eleito e o convite seja renovado, Isabel Ferreira preferiu não tentar adivinhar o que aí vem. “Estou completamente focada como secretária de estado da Valorização do Interior e é assim que estarei até ao dia que o novo Governo tome posse. São muitas as possibilidades e eu vou escolher sempre aquilo que no momento fizer sentido e me fizer feliz”, terminou.

Jornalista: Carina Alves

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