(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Amanheceu. O tempo serenou. Abrimos a janela e um pássaro canta na frescura da árvore vestida de ouro, em tempo outonal. Desligamos a televisão… deixamos de entender o mundo. As certezas de ontem são as incertezas de hoje. Não há passado porque se perdeu no desrespeito pela tradição... e se ignorou a dignidade humana instituída. Não há presente porque se afoga nos calabouços do medo e do tempo incerto. Não há futuro porque não se pode planear…prever…a lógica da incerteza fragiliza os mais frágeis que vivem o presente sem horizontes de amanhã, sem a frescura renovadora da esperança.
Gostava de saber de um sítio onde as Leis assentassem na honradez dos vizinhos…regressar ao Comunitarismo…
Mas não vale a pena sonhar…os velhos comunitarismos são uma miragem… o reino maravilhoso do Torga… morre paulatinamente… grande é o deserto!
O Povo continua a votar no seu Partido… a comprar o trator maior do que o do vizinho… a assistir resignadamente à morte dos idosos… as crianças deixaram de jogar ao pião e ao giroflé… giroflá na cerca da escola… E um dia breve... talvez a última criança, do tal reino maravilhoso que morre duma forma ignóbil, legal e consentida às mãos do Poder dirá sozinha a última lenga-lenga, na imensidão dos destroços dos casebres abandonados:
Um dó li tá
Cara de "amendoá"
Um segredo
Colorido
Quem está livre, livre está.
Em cima do piano está um copo de veneno,
quem bebeu morreu,
o azar foi mesmo teu!
...não acreditem... temos que agarrar a esperança... nem que seja a última esperança!
Nos dias mais cinzentos é quando se ouve, duma forma mais vibrante e clamorosa o Hino sagrado da Maria da Fonte:
"É avante Portugueses
É avante sem temer
Pela santa Liberdade
Triunfar ou perecer"
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
Sem comentários:
Enviar um comentário